terça-feira, 6 de outubro de 2009

PAULO CÉSAR BICALHO



Photo: Artur de Leos

Outro e-mail transformado em postagem!

"Querido: não sou crítico. Não gosto dos críticos que conheço, com raríssimas exceções. Alguns americanos e ingleses. No Brasil é um desastre. É crítica impressionista. O sujeito arrota suas impressões (eu quase sempre tive arrotos floridos, mas sempre arrotos) e não deixa nada de concreto ligado à inquietação, procura e pesquisa de que resulta qualquer obra de arte. Por isso tenho lá meus medos de te dizer minhas impressões. Pode parecer critica. Eles fazem isso exatamente. Considerando isto, senti falta de um trabalho mais sutil com o ator tanto na interpretação quanto na trama. Estou chutando: tenho a impressão de que você trabalhou o espetáculo como se fosse instalação. Mas a arte conceitual dificilmente vinga junto ao espectador quando ele é imobilizado. O Antônio Araújo teve de movimentar o espectador por corredores, pátios, sala de cirurgia, para encontrar o modo de digestão dos espetáculos do Teatro da Vertigem. Parece, continuo chutando, que a arte conceitual tem a ver com o acontecimento de rua. Os atores são talhados de forma mais tosca e o tema é repetido de forma a captar a compreensão e interesse de quem passa. Afora isso, o visual me pareceu do caralho, e foi bom ver o Geuder pela primeira vez como ator. É, também, sempre um prazer ver essa equipe em ação. Gosto muito das propostas de vocês. Abração. (Não leve isso a sério, são impressões de diretor aposentado.)"

Paulo César Bicalho