domingo, 19 de dezembro de 2010

A RODA VIVE


Zé celso e Oficina Uzyna Uzona

Sempre que precisar, contem com a gente , estamos com vocês!!



AS DIONIZÍACAS DE 17 a 20 no TEATRO DE ESTÁDIO do ex-ESTACIONAMENTO do BAÚ da FELICIDADE serão dedicadas à luta pelos DIREITOS HUMANOS DE ELAINE CESAR E À LIBERDADE ARTÍSTICA VIOLADA PELA VARA DE FAMÍLIA DE SÃO PAULO

São 06:16. Acordei, apesar de estar exausto por excesso de trabalho pelos trabalhos de realizar meu maior desejo em 30 anos, de apresentar a partir de 6ª feira as DIONIZÍACAS no Teatro de Estádio que levantamos no Ex-Estacionamento do Baú da Felicidade mas não  consigo dormir porque não estou mais suportando a ENORME INJUSTIÇA que a SOCIEDADE BRASILEIRA está cometendo com ELAINE CESAR, que neste momento está na UTI, correndo risco de vida.

Este caso não é diferente do de Sakineh no Irã, do de Lu Xiaobo na China e de Assange na Inglaterra. Vim pro computador porque até agora não conseguí fazer chegar nossas vozes de defesa aos DIREITOS HUMANOS desta Mãe Artista, Diretora de Video do Teatro Oficina Uzyna Uzona, que na semana passada, perdeu em duas jogadas:

1º,  a guarda de seu filho THEO, de 3 anos de idade.

2º, seus instrumentos de trabalho confiscados, seus HD’s, que também são do Oficina, com todo material gravado de pelo menos 30 anos de Oficina Uzyna Uzona, e de outros trabalhos seus, e de artistas como Tadeu Jungle.

É um atentado à liberdade de produção artística, um sequestro só comparável à invasão do CCC em 1968 a “Roda Viva”.

E agora esta mulher está incapacitada de estar à frente do trabalho que adora, de comandar a direção de Video e das filmagens das Dionizíacas esta semana, e tem de ver a sociedade, a Mídia sempre tão escandalosa, impassível com este fato.

Porque tudo isso ?

Porque um ex-marido ciumento, totalmente perturbado, teve acolhidos por autoridades da Vara da Família, para esta praticar uma ação absolutamente anti-democrática, para não dizer nazista, todos seus pedidos mais absurdos de ex-marido ególatra, doente, de arrancar o filho do convívio da Mãe, acusando Elaine de trabalhar num “Teatro Pornográfico” e para lá levar o filho: o Teatro Oficina. Fez oficiais de justiça sequestrarem os HD’s deste Teatro, com um texto de uma obscenidade rara, para procurar cenas de pedofilia e práticas obscenas que Elaine e seu atual marido, o ator Fred Stefen, do Teatro Oficina, teriam cometido com o filho de Elaine, o menino Theo.

Quase todas as 90 pessoas que trabalham na Associação Oficina Uzyna Uzona têm se manifestado por escrito, pois tiveram contato permanente com Theo, Elaine e Fred dentro do teatro e fora dele e não se conformam com a falta de eco de seus protestos.
Porque tudo isso ?

A revolução cultural da liberdade que uma grande parte dos seres humanos vem conquistando determina uma reação absolutamente inquisitorial, fascista, como é o caso dos homofóbicos da Av. Paulista e no caso, não do Estado Brasileiro, mas da própria Sociedade Reacionária incorformada, querendo novamente impor censura à Arte, aos costumes, e pior à vida dos que escolheram viver livremente o Amor.

E é incrível aqui, a liberdade de imprensa tão fervorosa em escândalos moralistas, se cala totalmente diante de um atentado a dois seres humanos, Elaine, a Mãe, e Theo seu filho, e a um teatro de 52 anos como o Oficina, e não toca no assunto, como se fosse o Partido Comunista Chinês, os Republicanos dos EEUU e os fundamentalistas islâmicos do Irã.

Tenho feito inúmeras reportagens sobre as DIONIZÍACAS, e falado no assunto, mas a divisão ainda tayloriana de trabalho impede que os jornalistas levem a sério o que estou dizendo, por não estar no limite das matérias que estão fazendo comigo.

Enquanto isso uma mulher, ELAINE CESAR, praticamente corre risco de vida na UTI e o Teatro Oficina censurado estreia as DIONIZÍACAS tendo por exemplo de fazer sua propaganda para a TV com material ainda filmadas no edifício do Teatro Oficina, pois as imagens do Teatro de Estádio erguido pelo Brasil em 2010 estão sequestradas pela Vara da Família.
O moralismo desta instiuição, que parece odiar os Artistas como criminosos, dá proteção a um macho ciumento, invejoso, doente, mordido de ciúmes, que está tendo delírios sexuais, projetando em ações discricionárias como as que tem praticado, e pior com apoio da injustiça.

Fazendo um ensaio corrido de BACANTES, que conta a história de Dionisios e da luta de seu adversário moralista, que quer impedir o culto do Teatro em sua cidade, percebi o óbvio. Tudo que Penteu acusa nas BACANTES e em DIONISIOS é projeção de coisas que seu ciúme provocou em sua cabeça.

Elaine, muito tempo depois que se separou deste ex-marido, teve o privilégio de encontrar um novo amor no ator Fred, que é homem muito bonito e muito livre. O macho, ex-Hare Krishna, ciumento, invejoso, então endoidou e começou a imaginar em sua cabeça cenas de pedofilia, sexo de Elaine e de seu novo maravilhoso amor com seu filho, repressão ao TEATRO OFICINA. Elementar, Freud diria.

Os desejos de pedofilia, até de pederastia em relação ao atual marido de Elaine estão nele. Por isso o menino de 3 anos Theo, corre perigo nas mãos deste irreponsável. Uma tia procuradora aposentada, de Brasília, rica, e um deputado devem estar auxiliando o rapaz com seus contatos reacionários aqui na Vara de Família.

Nem sei os nomes das pessoas porque os autos não estão na minha mão. Elaine não tem pai nem mãe, estão mortos. Fred está sem dormir há dias, agora preocupado acima de tudo com a sobrevivência de Elaine. Segunda feira havia uma audiência com o Juiz de família, para copiarmos o absurdo de mais de 400 horas de vídeo dos HD’s. Nenhum de nós nem pôde aparecer, pois estávamos preocupados com a vida de Elaine, hospitalizada na UTI. Fred doi buscá-la no aereoporto, onde voltava de Brasília, para onde tinha ido ver o filho, sob a vigilância de uma babá contratada pela tia. Na despedida Theo o menino chorava, querendo voltar para os braços da mãe em São Paulo, segundo relato de Elaine, que do aeroporto, passando muito mal, teve de ser hospitalizada, e em estado grave o hospital resolveu colocá-la naUTI.

Não sei o que fazer para acordar a mídia, esta Justiça Injusta que, querendo defender a Família, destreoi a vida de uma Mãe, de uma Criança e atormenta todo nosso trabalho maravilhoso neste momento vitorioso do Oficina Uzyna Uzona. Este “taylorismo”, (divisão de trabalho e competências do século 19) da vida contemporânea, esta insensibilidade aos direitos humanos que me é revelada agora neste momento, me faz dedicar as DIONIZÍACAS á todos que lutaram em 30 anos por este momento, mas sobretudo a ELAINE CESAR E THEO.
Que esse filho volte imediatamente para os braços da MÃE antes que aconteça o PIOR.

E que o material apreendido retorne imediatamente ao Oficina Uzyna Uzona.

É uma Obra de Arte sequestrada em nome de uma atitude mesquinha provocada pelo Ciúme de um Ególatra, de uma Justiça cega e de uma Sociedade, Mídia, conivente como a de São Paulo.

Por favor acordem os trabalhadores da difusão do que acontece de bom e de mau no Mundo e revelem isso a todos. Peço a todos, seja quem for, que façam esse favor de amor aos direitos humanos e batam seus tambores.

Me dirijo especialmente a Ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Nilcéa Freire. Médica, Professora da UFRJ, Nilcéa ocupa o Ministério há quase 8 anos. Tem feito um excelente trabalho. O endereço da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República é: Esplanada dos Ministérios, Bloco L, Edifício Sede, 2º andar – Brasília/DF. CEP: 70047-900. Fones: (61) 2104 – 9377 e 2104 – 9381. Faxes: (61) 2104 – 9362 e 2104 – 0355.

A OTAVIO FRIAS, na FOLHA, aos diretores do ESTADÃO, do GLOBO, das TV’S, Rádios, que apurem os fatos. Nós estamos envolvidos nos trabalhos de estrear dia 17 as DIONIZÍACAS, um marco na história do TEATRO MUNDIAL, e nos sentimos impotentes diante da gravidade do assunto, de uma VIDA HUMANA CORRENDO O RISCO, POR SEUS SENTIMENTOS DE DIREITOS HUMANOS TEREM SIDO AGREDIDOS.

Colaborem conosco, estamos sobrecarregados dos trabalhos das DIONIZÍACAS, mas não podemos parar pois é a ARTE somente que temos para dar Vida a Elaine nestes dias.

José Celso Martinez Corrêa

14 de dezembro de 2010, 07:40

MERDA

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

O BANQUETE DOS RAZOÁVEIS - PARTE 2


Esta foi a charge vencedora do Concurso de Frases e Charges do Comhur, da UFOP. Esta charge é de Luciana Ferreira. Ela venceu minhas charges abaixo, por que, segundo um dos representates da comissão de avaliação, minhas charges não se enquadraram no tema proposto, relações de trabalho. Alías, minhas charges não foram nem classificadas para concorrer com as dela. Alías, ainda, as três únicas charges classificadas foram as dela. Nada contra Luciana (talvez um pouco de inveja de seu lap top novo, mas nada contra as charges dela. Talvez só um pouco.)  As minhas charges, coitadas, foram classificadas ainda como de difícil compreensão. Fui informado que, no caso da visita do filho ao ambiente de trabalho do pai, somente no último momento um dos representantes sabiamente disse: "Ah! Ele está desenhando as pessoas do escritório!" Meu filho, este mês, fez cinco anos. Sua festa foi linda, cheia de grandes amigos. Ele compreendeu minhas charges muito bem.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O BANQUETE DOS RAZOÁVEIS

Você acha essas charges muito difíceis de entender? Rondon acha!


sábado, 18 de setembro de 2010

AS BICHAS DE OURO PRETO

Photo: Du Trópia

Eu era menino quando ouvia histórias do Beco do Satã. Não sei se o do que me recordo é o que ouvia ou o que eu imaginava a partir do que ouvia, ou do que via, mas o fato é que havia um hiato no passadismo de ouro preto, esse que cultua a morte e a pedra, o mofo e a vela. Depois a janela erótica, um rasgo, uma fresta feita de punheta e lirismo, em que silhuetas de homens de cueca e mulheres de calcinha estamparam os casarões históricos. Depois veio o Ratatá, mais uma vez um inferninho homo(esimpatizantes)erótico, uma opção mais junkie (e também, à luz do lirismo dos loucos e bêbedos, mais belo). De novo a apologia às drogas e ao sexo era uma espécie de grito de estátua de pedra, lança de são jorge de aleijadinho manchando de sangue espesso nossa caretice católica, nosso apego à memória de um tempo que foi muito mais trash do que os babados e afins das mulheres de mau hálito do período colonial fazem deduzir. Exagero? Sim. Disse que neste texto se misturariam memória e desejo, imaginação e poesia? E, algum tempo depois, percebi que nestes fatos aqui descritos (e até nos imaginados, e mesmo nos inventados!) havia uma mesma patota, uns 4 ou 7 malucos de carteirinha a que me habituei chamar de 'As Bichas de Ouro Preto', afeitos ao rock e ao choque (não o elétrico, mas erótico), à festa e à fresta (destaca-se aqui que nem todos eram homossexuais, nem todos eram homens, mas que a ação conjunta colocava-os todos num mesmo saco, o radical de sacanagem, o saco do caso de adão. Eram todos viados!). À minha decendência ouro-pretana eles ensinaram que nem tudo era forjado ao fogo da moral, que éramos feitos também de hiatos, que gozar era tão importante quanto orar. Depois li Ginsberg e entendi-lhes a descendência.

Este parágrafo simboliza um salto no tempo, um hiato dentro do texto (estaria claro por si só?). Olho para nosso eventos anuais, para nosso eventos internos, para as vernissages concorridas por bêbados e trêbados, para os eventos do micro-cosmo do micro-cosmo teatral, para os coquetéis da prefeitura, para a rua direita, (ouro preto é uma cidade sem zona, portanto, serei privado desta citação), para o barroco em que é proibido fumar, para os textos do banheiro do satélite e penso: cadê as bichas de ouro preto? E penso: que pasmaceira! Cadê as bichas de ouro preto? Vou pro jazz e danço, nos festivais leio, penso, canto, mas depois penso: o quê eu faço com o meu tesão? Queremos saber se Tiradentes era bem dotado. Queremos imaginar Marília fazendo sexo anal com Tomás naquela banheira da secretaria de cultura. Cadê as bichas de ouro preto? São donos de jornal, papelaria, professores, pensadores, produtores... Cadê Judith Malina? Cadê Judtihs Malinas? Minha mãe se lembra dela tomando banho pelada no tanque do quintal. Nós quase já não temos cinema, não temos boite, não temos puteiro (desculpe me repetir, mas é um fato). Temos um monte de homossexuais, mas é como se não tivéssemos bichas... cadê?

terça-feira, 7 de setembro de 2010

GAZA


Photo: Naty Torres

Os principais artistas do teatro israelense provocaram uma polêmica em Israel ao assinar um abaixo-assinado defendendo o boicote a um novo teatro construído no assentamento judaico de Ariel, na Cisjordânia, alegando não reconhecerem a legitimidade da colonização dos territórios ocupados.
A direção de cinco principais grupos teatrais israelenses havia feito um acordo para participar de um programa de apresentações para marcar a inauguração da nova sala de espetáculos, gerando o protesto de seus integrantes.
O novo teatro, que será inaugurado em novembro, é a primeira grande sala de espetáculos construída em assentamentos nos territórios ocupados e pode comportar as grandes produções dos principais teatros israelenses.
Os grupos teatrais assinaram a venda dos espetáculos sem consultar os artistas, e grande parte deles se nega, por razões politicas, a cruzar a linha verde (antiga fronteira entre Israel e a Cisjordânia, antes da ocupação israelense, durante a guerra de 1967).
No domingo, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, se envolveu na polêmica e ameaçou cortar o financiamento estatal às companhias envolvidas no boicote.
"Nesse momento em que Israel sofre um campanha internacional de deslegitimação, a última coisa que precisamos é de um boicote que vem de dentro", afirmou Netanyahu.
"Não quero minimizar o direito de cada indivíduo, de cada artista, de ter posições políticas. Eles podem expressar seu ponto de vista, mas nós no governo não podemos financiar boicotes de cidadãos israelenses nem apoiá-los de nenhuma maneira", disse.
CONSCIÊNCIA
Itai Tiran, um dos atores de teatro mais importantes do país, disse ao site de noticias Ynet que se apresentar no assentamento de Ariel 'contradiz a minha consciência e tudo em que acredito'.
"Não vou me apresentar naquela sala de espetáculos e em nenhuma outra que se encontre nos territórios ocupados", afirmou.
Para a dramaturga Savion Librecht, Ariel "não é legítimo". "Aqueles que decidiram ir morar lá (nos assentamentos), se quiserem assistir a espetáculos culturais israelenses, podem se deslocar para alguma cidade dentro de Israel", afirmou a dramaturga.
"Se um número suficiente de artistas assinarem (o abaixo-assinado), as peças não poderão ser apresentadas lá", concluiu.
O músico Dori Parnes disse ao Ynet que "por mim eles terão que apresentar o Conde de Monte Cristo [uma das peças previstas na programação] sem som". "A minha música não será apresentada no assentamento, pois não vou colaborar com o projeto de colonização", disse.
CANALHAS E HIPÓCRITAS
O Conselho de Judeia e Samaria, liderança dos colonos israelenses, declarou que os artistas que assinaram o abaixo-assinado são "canalhas e hipócritas".
Para os colonos, o abaixo-assinado foi escrito por "um punhado de ativistas de esquerda anti-sionistas que atacam maldosamente os melhores filhos do Estado, que os protegem enquanto eles atuam nos palcos".
O deputado Zvulun Orlev, presidente da Comissão de Cultura do Parlamento, anunciou que vai convocar uma reunião especial da comissão para discutir o boicote dos artistas.
"Trata-se de um ato anticultural, que boicota centenas de milhares de cidadãos de Israel, que moram em povoados legítimos em Judeia e Samaria [nome bíblico para a Cisjordânia]", afirmou Orlev, que pertence ao partido de direita Habait Hayehudi.
A ministra da Cultura, Limor Livnat, do partido Likud, condenou a declaração dos artistas.
"Este ato grave cria uma cisão na sociedade israelense, discrimina públicos de acordo com as opiniões políticas dos artistas. Deve-se deixar a discussão política fora da vida cultural e artística", disse a ministra para o site de noticias Walla.
De www.mercadocenico.blogspot.com

sexta-feira, 30 de julho de 2010

O FESTIVAL DE INVERNO É DO POVO!

Photo: Naty Torres


Acabou o Festival de Inverno. Mais uma vez tenho a impressão de que o evento ainda não se reencontrou, que após o final da década de 90, quando a UFMG deixou de realizar o evento, o festival ainda fica tentando fórmulas já desgastadas pelo tempo. A primeira reflexão é que há muitos anos o festival deixou de ser um evento focado. Há 15 anos sua principal finalidade era a formação e artistas vinham pra Ouro Preto pra se reciclar, fazer oficinas de ponta, trocar informações e propostas com artistas do mundo inteiro. Hoje a profusão de eventos em julho fez com que a maioria dos profissionais esteja trabalhando e que a maioria do público seja de pessoas que estão de férias e desejam praticar o turismo. Se, em parte, a coordenação do festival percebeu isto porque investe enorme vulto de seu orçamento em grandes shows, por outro lado parece querer reeditar festivais de outrora, investindo num grande número de eventos que ecoam na parede. (Eu mesmo, saibam, realizei um evento de parede no festival passado. Que estava descrito na programação. Mas que, além de ter sofrido um atraso de mais de 3 horas pra montagem do equipamento, foi visto pela meia dúzia de gatos pingados do ditado. Era, literalmente, um evento de parede - projeções em uma fachada do centro histórico de Ouro Preto, o PixelAção - mas não precisava ser litral ao extremo!) O festival é mais um componente do mercado de trabalho para grupos profissionais do Brasil do que um fórum de discussões, como seu sobrenome sugere. O festival é entretenimento para pessoas de férias. Sem diminuir a noção de entretenimento. É entretenimento de alto nível. O festival é um evento para alimentar o mercado turístico da cidade: quanto mais espectadores melhor. Quanto mais bons espectadores, melhor (bons espectadores leia-se bom turista, aquele que fica na cidade, consome nos melhores restaurantes, dorme nos melhores hotéis).
O festival oferece oficinas de qualificação interessantes, mas não seleciona os alunos, o que gera turmas desiguais e portanto afasta pessoas que pretenderiam se reciclar. A vaga na oficina é de quem pagar primeiro.
Este ano, pelo menos, não vi nenhum panfleto daqueles que publicaram alguns anos atrás, um informativo dos 'principais eventos' do festival, deixando todos os outros numa espécie de limbo de sub importância.
Numa das noites do festival fui ao show do Gabriel, o Pensador. Exatamente porque estava lotado, exatamente porque foi um evento em que a população de Ouro Preto compareceu em massa, que percebi que ali estava um chave para este festival dos novos tempos. O Gabriel é um cara que faz a ponte do popular e do engajado (ele canta desde temas sociais até a hora de molhar o biscoito!). Acho que este festival é, e deveria ser, sem vergonha, um evento popular. Há alguns anos, talvez o último festival da UFMG em Ouro Preto, fizeram concomitantemente o festival de inverno e o festival da prefeitura. O primeiro foi concentrado na praça da UFOP e no centro de Artes e Convenções e em eventos ditos mais cultos - ou mais focados, para um usar um termo caro a nosso texto. O segundo concentrou-se no teatro municipal de ouro preto e na praça tirandentes e trouxe shows populares e baratos e comédias de fácil digestão de Belo Horizonte. O primeiro teve um público apenas razoável, mas atraiu um certo número de intelectuais e formadores de opinião. O segundo foi um sucesso de público, embora tenha sido acusado de um certo mau gosto. Acabados, nenhum ecoou. A diferença entre eles, no entanto, marca uma necessidade que, acho, deve ser amplamente refletida pelos coordenadores do festival: ambos definiram muito claramente seu público. Isto era refletido na divulgação e nas atrações escolhidas.
O festival de hoje opta pela escolha de um tema, um personagem. Parece-me, no entanto, que este tema surtiu algum efeito no sentido de funcionar com um critério para a montagem da grade de programação apenas na edição de Chico Rei, onde podia sentir-se reverberar a cultura negra e questões relativas a ela durante todo o evento. Este ano a proposta do Mestre Ataíde foi insossa. Assim como o Clube da Esquina do ano passado. Esta cultura passadista de Ouro Preto (que causa uma inflamação típica nas glândulas linfáticas chamada ouropretite!) faz com que a gente fique se prendendo a coisas que foram inventadas há menos de cinco anos e que já se configuram como tradição! Vamos mudar, gente! Vamos dar fluidez à tradição. Ela também se adapta! Ela também respira. A tradição não é uma pedra de mármore.
Em suma, terminamos como começamos: o festival é do povo. Menos eventos pra cumprir tabela, mais diálogo, mais inclusão, menos empáfia! Ao povo o que é de César!

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Rato do Subsolo: escárnio e complacência na contradição humana

Photo: Naty Torres

Rato do subsolo ou o ódio impotente, peça produzida em 2009 pelo Grupo Residência – Teatro e Audiovisual de Ouro Preto, foi apresentada na noite do dia 11 de julho no Teatro Sesi de Mariana. A produção embebeda-se na obra de Dostoievski, Memórias do Subsolo, e é carregada pela luxúria, pelo ódio e pelo peso das identidades que se configuram como a impotência na busca de algo que ultrapasse as frustrações e o ridículo do humano.

Os quatro “ratos” – trata-se de homens – reunem-se na república para o dia em que buscariam a dignidade. Esta busca, após diálogos cortantes de escárnio e complacência, surpreende a platéia quando é anunciada como o dia em que os ratos cometeriam suicídio.

A peça parece debochar do ser humano, mera existência acuada nos subsolos da mente e da sociedade. Tudo é desconstruído e reduzido ao medo e à impotência do homem diante à existência que não se escolhe ou comanda, mas é ilusão e morte.

Com a angustiante falência de todas as crenças, os ratos que habitam o subsolo mostram o retrato impiedoso da essência humana, em sua patética busca pelo prazer, pelo amor e pela felicidade.

Palco de rancores e deboche ante a sociedade que estereotipa, intimida e paradoxalmente seduz, a peça nos escancara o espelho do que somos dentro de nossas fobias e de nossa solidão.


Gracy Laport

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Outro espaço para reflexões e críticas



Mais um espaço para botar o teclado no trombone: solte a língua que nós mordemos!

sexta-feira, 28 de maio de 2010

SEMANA DE ARTES DA UFOP




Acabamos de apresentar a última versão de Rato do Subsolo ou o Ódio Impotente na Semana de Artes da UFOP e teceremos algumas considerações sobre a oportunidade.

1º) A Semana de Artes é um evento consolidado, já é possível distinguir fatos pertinentes a esta consolidação: a existência de um público específico, a coerência de programação independente da equipe de produção, o engajamento da equipe no que parece ser o principal evento na formação do profissional de produção artística da universidade. Em comparação com o Festival de Inverno, em detrimento do caráter profissional do evento julhino, talvez o principal evento cultural da cidade, a Semana consegue dar mais foco aos eventos realizados, há mais eco.

2º) O respaldo institucional da UFOP ao evento é sofrível e não só pelo pouco aporte financeiro (uma espécie de passar o chapéu!). Mas porque a Semana é um evento que pode funcionar para diminuir este abismo que se construiu entre o curso de artes cênicas e alguns outros estudantes que, diletantemente, atacam a atividade teatral como menor, pouco profissional, ilusória, e outras opiniões contidas na comunidade da UFOP no Orkut. Este ano pudemos ver grupos oriundos da universidade de ouro preto, grupos de artistas vinculados a UFOP, grupos de outras universidades e instituições, todos compartilhando um mesmo espaço, mostrando que a profissão de artista cênico é um fato, que há um mercado, ainda instável, difícil, mas presente.
Além disso a Semana é uma forma de entretenimento gratuito, que pode além de receber estudantes de outros cursos e moradores da cidade como espetadores, pode recebê-los como artistas, integrando a grade de programação.

3º) É impressão ou a maior parte dos alunos de artes cênicas também não comparece aos eventos? Parece que são sempre as mesmas pessoas. Acabei também vendo poucos professores. Em nossa época de alunos achávamos que eventos como esse eram quase como experimentos prontos para serem destilados em sala de aula, fatos que podiam ser compartilhados entre professores e alunos para análises conjuntas, exemplos, citações, etc. Mas raramente era o caso. A Semana não se configarava como um evento científico.

4º) Parabéns aos organizadores, aos que se apresentaram, aos oficineros (fizemos uma puta oficina com o Cláúdio Costa Val e a Renata). Evoé!

quarta-feira, 26 de maio de 2010

EcOs...

Photo: Ronald Peret (www.euouropreto.blogspot.com)

Eu sou um bosta.
Somos todos restos de nós mesmos. Amém.
Somos todos vermes e queremos, ao mesmo tempo, ser Deus, inferir escolhas no quotidiano externo e saber a verdade. Por quê? Realmente. Ela nos interessa. Por mais suja que seja, ela nos interessa. Somos todos uma tentativa de limpeza do rato interior, sempre em busca do “ego”, ego,
Eu...
Quem é você?

Sou um bosta.
Somos todos nós mesmos. Restos.
Somos todos Deus e queremos, ao mesmo tempo, ser vermes, inferir escolhas na verdade e saber o quotidiano externo. Por quê? Realmente. Ele nos interessa. Por mais sujo que seja, ele nos interessa. Somos todos uma tentativa de limpeza do rato interior, sempre em busca do “eros”, eros,
Sou...
Quem é você?

Um bosta.
Somos de todos. Amém.
Somos todos e queremos, ao mesmo tempo, ser escolhas, inferir Deus no quotidiano externo e saber vermes. Por quê? Realmente. Eles nos interessam. Por mais sujos que sejam, eles nos interessam. Somos todos uma tentativa de limpeza do rato interior, sempre em busca do “eco”, eco,
Um...
Quem é você?

Bosta.

Pedro de Grammont

quarta-feira, 12 de maio de 2010

MAIS UM RATO

Photo: Joca Madruga


Eis que retomaremos nova fábrica de ratos, agora apostando menos no exercício do ator como ato de invenção e mais no teatro como forma (e, portanto, no exercício do ator como ato de repetição, que a cada dia precisa preencher com a invenção a repetição). Dia 23 de maio, na abertura da Semana de Artes da UFOP, domingo, no circo da Estação. Estejam todos convidados (ratos, gatos e hipertensos)!