sábado, 28 de novembro de 2009

DE GLAUCO


Glauco




Dona Marta de peitos caídos / (lágrima/daime, pentelhos vertidos)
Geraldão de caralho flácido /raiz curtida no ácido
brincar de ser deus e criança / neuras de pajelança

(ontem o brasil ficou mais triste / glauco aposentou a pena / por bala feroz, assassina)

Alinhar à esquerdaAlinhar ao centroAlinhar à direita

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

DIA 04 DE DEZEMBRO

Já dizem alguns importantes artistas cênicos brasileiros que Ouro Preto, em função da criação dos cursos superiores de teatro de sua universidade federal, é um pólo mineiro de produção e pesquisa de artes cênicas. Será? Seremos capazes de nos organizarmos para gerar aqui um mercado - entendido no que ele permite de viabilidade e continuidade? Quem hoje tem trabalho contínuo? Quem tem trabalho viável? Quem vive do seu trabalho com teatro? O Fórum das Artes Cênicas Ouro-pretanas quer identificar isto e criar ações coletivas que tornem esta uma realidade possível. Botar o reto na reta. Artista-ativista.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

FESTIVAL DE TEATRO DE OURO PRETO

Photo: Artur de Leos

Ontem fui assistir a aula espetáculo do Wisnik no Fórum das Letras. Em detrimento de minhas limitações como espectador da canção, fiquei pensando porque o Fórum das Letras parece mais efetivo que o fórum das artes, mais eficiente - porque esta é minha impressão. Teço duas possibilidades: Das Letras é menor, mais concentrado e há uma área central. Das Artes é um festival de inverno, disperso, mas concentrado nos grandes shows, em seus personagens principais e os diversos coadjuvantes (quem nunca ouviu a frase: "participar do festival de inverno vai ser bom pra você"?) Há anos atrás, em épocas uefe-emegenianas Das Artes atraía um grande números de profissionais que vinham se reciclar, o evento era baseado em oficinas. Hoje - atenção críticos de críticas de plantão, isto não é uma crítica, é uma constatação - ele é baseado no evento turístico do quanto mais melhor. Seus objetivos estão mais ligados à lotação dos hotéis, a um maior movimento nos restaurantes, a manutenção de uma cadeia de empregos que se estabeleceu há alguns anos que paga bons salários para algumas mesmas pessoas (eis uma crítica de fato). Das Letras parece mais efetivo em funcionar como algo que vai repercutir, desdobrar-se, alterar coisas aos poucos, mas muito. Quando ele se aceita elitista, reconhece que atinge a uma elite formadora de opinião, de professores, de artistas, que vão repassar suas conclusões (e dúvidas e afins). A idéia da elite de Grotowski, que a reconhece, mas sabe que, embora o poder econômico seja facilitador ele não é determinante pra sua formação. Basta ver o nível intelectual de nossa elite econômica. Até porque Das Letras é gratuito.
Escrevo isto para convocar dona cegonha e fazermos mais um parto, mais um bebê para esta família: o De Teatro, que está pedindo para nascer. Acho que nunca reunimos condições melhores, a hora é esta, vamos fazer um festival de teatro em Ouro Preto! Temos o teatrinho, nossa pérola, o centro de convenções e seis teatros de arena! Dores, Cabeças, Bauxita, UFOP e dois no Horto (estou esquecendo algum?). E um curso de teatro e grupos estáveis. Podemos nos decidir por um festival em língua portuguesa, ou internacional, ou nacional. Vamos aumentar essa família, precisamos de esperma e útero: quem se habilita?

terça-feira, 6 de outubro de 2009

PAULO CÉSAR BICALHO



Photo: Artur de Leos

Outro e-mail transformado em postagem!

"Querido: não sou crítico. Não gosto dos críticos que conheço, com raríssimas exceções. Alguns americanos e ingleses. No Brasil é um desastre. É crítica impressionista. O sujeito arrota suas impressões (eu quase sempre tive arrotos floridos, mas sempre arrotos) e não deixa nada de concreto ligado à inquietação, procura e pesquisa de que resulta qualquer obra de arte. Por isso tenho lá meus medos de te dizer minhas impressões. Pode parecer critica. Eles fazem isso exatamente. Considerando isto, senti falta de um trabalho mais sutil com o ator tanto na interpretação quanto na trama. Estou chutando: tenho a impressão de que você trabalhou o espetáculo como se fosse instalação. Mas a arte conceitual dificilmente vinga junto ao espectador quando ele é imobilizado. O Antônio Araújo teve de movimentar o espectador por corredores, pátios, sala de cirurgia, para encontrar o modo de digestão dos espetáculos do Teatro da Vertigem. Parece, continuo chutando, que a arte conceitual tem a ver com o acontecimento de rua. Os atores são talhados de forma mais tosca e o tema é repetido de forma a captar a compreensão e interesse de quem passa. Afora isso, o visual me pareceu do caralho, e foi bom ver o Geuder pela primeira vez como ator. É, também, sempre um prazer ver essa equipe em ação. Gosto muito das propostas de vocês. Abração. (Não leve isso a sério, são impressões de diretor aposentado.)"

Paulo César Bicalho



terça-feira, 29 de setembro de 2009

MONÓLOGO PARA UM RATO

Artur de Leos

De Denise Araújo Pedron, a partir de algo tipo Hakim Bey

Aqueles que fabricam máscaras cegas de idéias e vagam por aí a procura de uma prova para sua própria solidão acabam vendo o mundo através dos olhos de um morto. Mas quem morre?

Aqueles que evitam a brincadeira? Aqueles que hesitam? Aqueles que hesitam? Aqueles que hesitam?

Aqueles que negligenciam a sua humanidade.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

SOBRE OBRAS E PROCESSOS


Photo: Artur de Leos


"Rato do Subsolo ou o ódio impotente" é, surpreendentemente, oito anos após nossa fundação, nossa primeira oportunidade de nos mantermos em temporada, observando as maturações da obra, os apodrecimentos decorrentes desta mesma maturação - algumas cenas muito bem nascidas de repente perdem o sentido - a idéia que uma obra teatral é algo sempre em função de seu público e que como cada dia o público é diferente (um dia vem alguém que ri muito, noutro dia as pessoas estão mais cansadas, ou alunos de filosofia, ou estudantes de teatro) cada dia a peça é diferente, essas coisas. E então, invariavelmente, sob o salto da impotência da direção, de quem olha o evento e só pode olhar, ficamos nos perguntando qual o sentido daquilo ali, daqueles caras vestidos de roupas que não suas, falando palavras escritas, daquelas pessoas que saem de casa e vêm ao teatro ver aqueles primeiros caras. O que oferecemos pras pessoas, afinal? Algumas hipóteses: trabalhar com teatro nos dá um certo privilégio no contexto social, porque podemos entender mais o homem e oferecer substratos deste entedimento, fazendo, invariavelmente, com que o espectador se reconheça, ou se aprofunde em si mesmo? Oferecemos uma espécie de entretenimento conceitual (sic?), um convite ao esforço da fruição da obra de arte, como acontece com os leitores de Kafka, os espectadores de Tarkovski, de Beckett? Se é isto porque gostamos quando o público ri? Fazemos a obra para nós mesmo, para nos aprofundarmos em questões muito pessoais tipo, eu gostei desse livro e acho que vocês podem gostar também? Fazemos arte para que as pessoas gostem? Não gostem? Para transformar as pessoas? Para transformar a nós próprios? Para comer as meninas? Os meninos? Qual nosso sentido? Qual o sentido dos quadrados retângulos e linhas de Mondriam? E da lágrima no olho do peixe de Bashô?
Procurar essas respostas talvez seja dissover todo o sentido de ser artista, encontrando a prepotência da arte burguesa, que lê o artista como um ser superior, iluminado. É por isso que só faço perguntas. Ando convidendo com elas toda noite. Talvez porque tenha lido que a receita federal abriu 420 vagas para auditor, com salário inicial de 13 mil reais. Pode ser que esteja pensando: arte é inútil, mas auditar a receita federal é útil! Ou então, ganhar 13 mil é útil. Em todo caso continuo desenhando outras cenas, outros textos, outras formas que saem de mim mas não são eu, portanto, deixo de ser detentor de todos os seus sentidos. Assim, fico emaranhando nesta teia sem sentido claro, ou complexa demais para os meus cinco sentidos básicos. Mas não deixo de perguntar, cunhar verbetes para o dicionário, juntando sons e formas, brincar. Sei onde deixo de ser claro. E sei que é lá onde fico mais óbvio!

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Espaço para reflexões e críticas. Publique aqui opiniões sobre o espetáculo. Permite-se anonimato!

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

POUR ELISE: A ARTE DE ENXERGAR ABACATES




Fui assistir ao primeiro espetáculo do Grupo Espanca!, de Belo Horizonte, uma das principais montagens mineiras dos últimos tempos, catapulta de Grace Passô a referência da dramaturgia contemporânea brasileira. Em detrimento do meu atraso na história - apesar da história andar a passos largos - teço e compartilho impressões sobre a obra.
1. A poesia como força motriz: Há na construção um embate entre uma força trivial - pessoas comuns, sem nenhum heroísmo aparente, sem nenhuma grande dor exposta, pessoas que tendem a nossas tias, ao professor de física do segundo grau, aos 'invisíveis' - e uma força visceral - a poesia contundente das metáforas e das palavras expostas, da rearticulação das relações corporais, do deslocamento dos sentidos (o cachorro, o abacate, o silêncio). Neste embate a poesia atua como força reveladora, ou como perversão. Assim como o riso na boa comédia, ou a força no teatro físico, ou o risco no circo. É ela que tira o espectador do lugar, que alimenta a trama - tão simples, trivial, do tipo "pode acontecer comigo, apenas não me foi revelado, mas se eu salpicar poesia em minha vida..."
Um parelelo interessante é o terceiro espetáculo do grupo, o "Congresso Internacional do Medo". Lá o trivial dá lugar a uma situação muito específica, distante - mesmo que medo seja comum, participar de um congresso sobre o medo não é. Então a poesia já não revela, não há atrito, ela parece estar aquem de um cenário mais complexo. Em "pour elise" minha tia ganha outra cara, saio e é como se eu fosse uma outra pessoa, procurando abacates alheios.
Ao fim do espetáculo Daniel me disse: "hoje não quero sair." Eu "porquê?" Daniel "cuidado com o que planta no mundo..." A obra nos atravessou, atravessar pessoas está em sua gênese, ela QUER isto. Há um trato deslavado com a emoção, uma coragem. Isto reforça minha opinião que a arte pós-contemporânea é mais careta que a arte contemporânea e que toda desconstrução dos anos 60 e 70, todo o vazio e toda feiúra dos 80, toda cibernetização dos 90, tudo ainda é arte contemporânea. E que a re-significação dos sentidos e a re-valorização da palavra são traços de nosso tempo, contemporâneos, mas não mais arte contemporânea e sim uma reação a ela, a seu vazio conceitual - que quando erigido tinha todo sentido.

2. O uso do espaço cênico - Nunca tinha visto o espaço italiano ser tão bem explorado, a caixa cênica é, literalmente, o cenário do espetáculo, cenário cheio de possibilidades de uso e entendimento. No quadrinho aquele espaço branco entre um quadrinho e outro é chamado sarjeta e ela é fundamental para a história. No espaço branco muita coisa acontece. A coxia de "Pour elise" é uma sarjeta maravilhosa, espaço-temporal, dinâmica. As pausas são respiração. E texto, às vezes mais contundentes que as cenas. Há uma construção temporal delicadíssima. E consistente. A vizinha que conta a história é a dramaturga: ela vê e diz: 'não se envolva.' Ela mente - envolve-se dos pés a cabeça! Mas eu não minto. Não tenho tanto cuidado com o que planto no mundo, mas procuro abacates maduros pra fazer vitamina!

segunda-feira, 31 de agosto de 2009


AMIGOS: AGORA O NÚMERO DO GALPÃO ESTÁ CORRETO! ABRAÇO GRANDE!




quinta-feira, 13 de agosto de 2009

REFLEXÃO SOBRE OS MEIOS DE PRODUÇÃO DE TEATRO


The Mechanized Toiler, de Krinski


Nuns dias passados encontrei em anotações de gaveta, dessas perdidas na memória, as primeiras anotações da montagem do Rato do Subsolo, datadas de 2004. Eram encontros com Iracema Macedo, poetisa e filósofa potiguar, com quem primeiro teci as agruras desse rato-maior chamado Fiodor. De lá prá cá foram muitas as suposições de montagem, diversos atores passaram pelo desejo, entre eles Walmir e Tarcísio, e a hipótese -aquela primeira figura difusa que temos quando optamos, opção lacônica, vamos montar uma peça! - foi se transformando, se reconfigurando, se destruindo, se construindo outras, o caos de sempre.
Olhar pra trás é pensar 'Ufa'! Olhar pra frente é pensar: 'Porra!' E como envelhecer é preciso, viver não, essa luta que é montar uma peça que nasce nas entranhas, ou no cu, como diria Sapiência, passa cada vez mais ser tarefa her(cú)lea e a gente vai se deixando consumir por preguiça, pela necessidade da grana, pela sobrevivência. Tenho uma impressão terrível que saio do processo menos criativo, como se um balcão de repartição pública estivesse me convocando 'vem! Vem! Aqui é mais fácil!' Ou um quadro negro, ou nariz de palhaço (com perdão dos bons palhaços).
Mas paro e penso que uma flecha lançada no ar não tem como objetivo o alvo, mas o arqueiro, ele mesmo, reencontrado, transformado em outro. É uma espécie de suicídio, um devir terrível, um tiro no pé.
E aí, quem se habilita a arriscar: é possível fazer teatro?

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

PRÊMIO MYRIAM MUNIZ - FUNARTE

Myriam Muniz e Ary Fontoura


Prêmio de Teatro Myriam Muniz chega à quarta edição


A Fundação Nacional de Artes (Funarte) lança, nesta segunda-feira, 20 de julho de 2009, a quarta edição do Prêmio de Teatro Myriam Muniz, que viabilizará a realização de 86 projetos da área teatral, voltados para montagem e circulação de espetáculos ou outras atividades específicas do setor.

Companhias, grupos, coletivos, empresas, associações, cooperativas e - pela primeira vez - artistas independentes (pessoas físicas) que quiserem participar do processo seletivo devem enviar, via correio, suas propostas de trabalho e documentação completa (ver detalhes do edital) para a Coordenação de Teatro da Funarte, no Centro do Rio de Janeiro. As inscrições, gratuitas, serão encerradas no dia 3 de setembro.

Os prêmios, que variam entre R$ 40 mil e R$ 150 mil, estão distribuídos por todas as regiões brasileiras. Dessa forma, a Fundação dá continuidade à proposta de descentralizar seus recursos. O investimento total da instituição no programa é de R$ 7 milhões.

Uma comissão externa composta por nove especialistas em teatro ficará responsável por selecionar os contemplados. Serão analisadas a excelência do projeto, a qualificação dos profissionais envolvidos e a viabilidade prática das ações propostas.

O nome do prêmio é uma homenagem à atriz Myriam Muniz (1931-2004), que fez parte da geração precursora do Teatro de Arena. Reconhecida por interpretações marcantes no teatro e no cinema, a artista dedicou os últimos anos de sua carreira à formação de novos talentos.

Mais informações: www.funarte.gov.br

sábado, 25 de julho de 2009

sexta-feira, 24 de julho de 2009

RATO DO SUBSOLO OU O ÓDIO IMPOTENTE DOS CONTEMPORÂNEOS

Joka Madruga

Rato do Subsolo é uma pesquisa realista. Porque o realismo é um gênero que se julga limitado, caquético, moribundo no teatro? Quais são as pesquisas realistas relevantes neste momento nas artes cênicas brasileiras? Num encontro recente com amigos que desenvolvem pesquisas sobre o velho teatro contemporâneo - ou alguém duvida que arte contemporânea já não seja uma velhinha de óculos escuros? - percebi que este vai ser o principal parâmetro crítico de nosso espetáculo, como se tivéssemos tomado uma máquina do tempo rumo ao passado. Nossa opção pela pesquisa de texto, pelo desenvolvimento linear de personagem, pela relação de causa/conseqüência, pela crueza do diálogo nos leva por rios caudalosos...
Mas se por um lado os contemporâneos se inquietam, o público 'comum', considerando o preconceito desta expressão estranha, se fixa exatamente nos diálogos, no desenvolvimento de personagem e, obviamente, recebe com dificuldade as cenas de projeção, as cenas paralelas, os devaneios poéticos.
Entre a cruz e a espada nossa pesquisa segue...

quinta-feira, 23 de julho de 2009

RATO EM OURO PRETO NO FESTIVAL DE INVERNO

Du Trópia

Dia 21 de julho estreamos mais uma versão do Rato do Subsolo ou o ódio impotente, agora um passo enorme em direção à versão definitiva. Pela primeira vez usamos o vídeo como estrutura dramatúrgica e apresentamos uma versão mais clara das cenas dos gatos. Agosto será um mês de ajustes, mas as escolhas mostram-se potentes, seja pra suscitar emoção ou diálogo. Em setembro, no Galpão Cine Horto se dará a convergência de 2 anos de trabalho prático e 5 de desejos.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

SOLTE A BOCA! Espaço para reflexões e críticas


AQUI SEJA UM COLABORADOR DE NOSSO PROCESSO DE CRIAÇÃO: ESCREVA, SOLTE O VERBO E A GARGANTA. NÃO HAVERÁ NINGUÉM SEM RESPOSTA. BOTAR O RETO NA RETA.

RATO DO SUBSOLO OU O ÓDIO IMPOTENTE


Arte de Sandro Eduardo - www.cabaresubterraneo.blogspot.com

E, aliás, quereis saber de uma coisa? Estou certo de que a nossa gente do subsolo deve ser mantida à rédea curta. Uma pessoa assim é capaz de ficar sentada em silêncio durante quarenta anos no subsolo. Mas, quando abre uma passagem e sai para a luz, fica falando, falando, falando...

Livremente Inspirado em "Memórias do Subsolo", de Fiodor Dostoievski

Direção e dramaturgia: Julliano Mendes

Atuação: Aguinaldo Elias, Daniel Sapiência, Fred Lima e Geuder Martins

Cenografia: Fernando Ancil e Julliano Mendes

Trilha Sonora: Makely Ka e Patrícia Rocha

Identidade Visual: Sandro Eduardo

Produção: Grupo Residência