sexta-feira, 29 de junho de 2012

LULALUF E O CARTAZ NA CAIXA D'ÁGUA: GREVE GERAL!

Hoje passei pelo campus universitário, pra pegar um atalho até a padaria da bauxita, porque queria muito comprar uma broa de fubá. Entrei ali no portão principal, vi que o campus tem muitas faixas que informam que a universidade está em greve. Vi que tinha uma ali na caixa d água e eu achei um lugar muito pertinente. Porque é alto. Aí, logo depois, percebi que o portão de baixo do campus estava fechado. Voltei e dei a volta. E fiquei refletindo sobre a greve (ainda pensando na broa de fubá, todavia). Durante minha vida de graduando, passei por duas greves. Na primeira fui bem participativo. Na segunda, não. Na primeira integrei o movimento estudantil, fui até uma BR depois de Ouro Branco pra interditar a pista, pra chamar atenção da opinião pública. Entre muitos motoristas revoltados, policiais enfáticos e estudantes engajados, conseguimos fechar uma pista a cada cinco minutos. Não me lembro se houve alguma cobertura pela imprensa. Até acho que houve. Lembro-me que, na ocasião, o que mais me deixou encantado foi o fato de ter conhecido diversos alunos de outros cursos, porque não há outro movimento de convívio dentro das universidades que possibilite um exercício da universalidade. Ali houve. E intenso. Pena que a greve demorou muito. Depois, invadimos a reitoria, mas um aluno invadiu a sala do reitor. Ali começou a derrocada daquele movimento. Nos dividimos entre os que queriam sair da reitoria e os que queria sair no tapa com esse aluno. Mas foi intenso. Aí, passou o tempo, as pessoas se dispersaram. Mais tarde, a greve acabou, pagamos dois semestres, mas recebemos três, não sei quais foram as conquistas. Não me lembro. Houve. Algumas. Mas não me lembro quais.



Aí, há duas semanas o Lula apertou a mão e sorriu pro Maluf. Na maior cara de pau, sorrindo fartamente. Fiquei pensando que ali, finalmente, depois de Sarney e Collor, uma utopia nascida com o próprio Lula nas greves sindicais do ABC, morreu. Porcamente. Morreu. E, de lá pra cá, nosso movimento sindical evoluiu pouco. Não surgiram novos instrumentos de reivindicação. A greve envelheceu. Tudo bem, os recentes movimentos de greve de policiais e metroviários a rejuvenesceram, mas não parece uma coisa meio botox? Se havia, como na gente, lá perto de Ouro Branco, o desejo de chamar a opinião pública pra discussão, não há agora uma vitimização dessa mesma opinião pública? Digo isso porque tenho acompanhado as reportagens do jornal nacional sobre a greve nas universidades e sempre aparece um aluno que vai ter sua formatura atrasada, que foi impedido de exercer o direito da educação. Não será possível a criação de outros instrumentos de persuasão? Os cobradores e motoristas deixando as pessoas andarem de graça? Os funcionários da universidades não cobrando pela inscrição no vestibular? Outros instrumentos jurídicos, críticos? Há alguma discussão sobre esses instrumentos? (É uma pergunta mesmo, viu. Estou por fora. Jogo pedra do lado de lá do muro. Mas de vez em quando acerto a pontaria.)

Precisamos renovar os instrumentos de manifestação, trazer a sociedade pra junto. Sei lá, acho que se cada professor tirasse dez minutos de sua aula pra discutir as relações de trabalho, a sociedade civil, o funcionalismo público, a previdência privada, as vantagens e desvantagens de uma copa do mundo, sei lá, a greve como instrumento de pressão, acho que os resultados seriam mais relevantes. É utopia meio babaca, mas será mesmo que utopia e babaquice são coisas meio sinônimas? Será que reivindicação e greve também?