segunda-feira, 30 de maio de 2011

O TRIUNFO EUCARÍSTICO



Ouro Preto é uma cidade muito louca, disso todo mundo sabe. Permitam-me um certo bairrismo. Por ser uma cidade que vive do passado, parece que sempre somos piores do que a galera de 200, 300 anos atrás. Uma sombra difusa. Taí a grande importância de um evento como o Triunfo. É muita gente que produz cultura todo dia. Contemporaneamente. Muita coisa diferente, um caos! Todo mundo junto, rompendo os hímens de nossa incompetência pro real diálogo com o que é diferente. E uma festa, cheia de coisas que dão errado, de gente que esquece a hora de fazer alguma coisa, e de beleza, inclusive por isso. O Brasil é um país que tende à antropofagia mesmo. Era assim quando o Padre Anchieta colocou um cocar na auréola de Nossa Senhora. Será assim quando nossos homens do futuro dançarem maculelê. Somos esse povo fragmentado que o cortejo mostrou. Nesse momento, quando vejo todo aquele pessoal junto, pessoas que ou não se conhecem ou não se suportam ou ambos, todos no mesmo evento, uma profusão de alegria, de orgulho, aí eu também tenho orgulho dessa terra (eu disse que seria ufanista, não disse?). Acaba e somos os mesmos, com nossas mesquinharias, pequenos traumas, egoismozinhos babacas. Mas, como já dissemos noutro lugar, pra se romper qualquer coisa precisa-se da fresta. Quando cheguei à Igreja do Rosário e vi o congado de Miguel Burnier descendo a ladeira, eu chorei. Porque as frestas tem seu risco. Agradeço e termino, que quando se abre um buraquinho de rato numa parede de pedra, descobrimos duas coisas: um novo mundo e uma nova parede. Cavuquemos!!!

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